terça-feira, 25 de outubro de 2011

História curta de amor

Foi em uma noite quente que tudo aconteceu. A história mais louca que já ouvi falar sobre amor. Amores que não dão certo têm disso, né? Amores em geral têm disso, de histórias malucas. Nessa noite quente estava marcado um churrasco na casa de uns amigos. O namorado da Carol foi de bicicleta. Ela foi com as amigas de carro. Levou na bolsa uma garrafa de vodka. Uma bela garrafa de vodka, dizia Carol durante o churrasco. Aí que correu tudo muito bem. Muito bem daquele jeito: música boa, cantorias, piadas, flertes e conversas. Mas a vodka da Carol tinha acabado. A vodka para ela era o personagem principal daquele churrasco, não o namorado. O Caio, aquele que falei no início do texto.
Carol é linda, tem cabelos ruivos e um olhar tímido. Namorava Caio há anos. Desde os 17, tinha agora 24. Mas estava decididamente incomodada com tantas idas e vindas desse caso com o Caio. Carol estava naquela fase que qualquer outra coisa chamava mais atenção que o chato do namorado, que ela amava. Sim, ela amava Caio. Tinha certeza. Mas a vodka...
Aí que a vodka da Carol acabou, e o namorado estava com seus papos chatos com os amigos, então ela resolveu ir embora. Sem avisar ninguém. Nem comigo ela comentou que ia embora. Carol estava naquela fase de ir embora à francesa dos lugares.
Chamou o táxi e vazou do churrasco.
Carol mora sozinha em um apartamento num bairro residencial de Porto Alegre, chegou em casa e depois de uma garrafa de vodka, qualquer pessoa dorme legal rapidinho.
Depois de duas horas, o celular da Carol tocou enlouquecidamente. Ela não ouviu.
Acordou às dez da manhã do outro dia, com vinte chamadas não atendidas do Caio e cinco mensagens que ninguém gostaria de receber de um namorado. Ligou para ele e ninguém atendeu. Tinha alguma coisa estranha no ar.
Cinco minutos depois o celular dela tocou. Era o Caio e ela ficou sabendo da loucura do amor. Sabem o que  Caio fez?

Saiu do churrasco às seis da manhã em direção ao prédio da Carol e prendeu com CADEADO a bicicleta no portão principal de entrada do edifício. Fazendo assim, com que ninguém pudesse sair e nem entrar do prédio. A porta, feita de ferro com grades, simplesmente não abria. Estava completamente presa ao cadeado com a bicicleta no meio do caminho!

Porque na sua mongolice infantil Caio cismou que a Carol tinha ido para alguma festa depois do churrasco e aí o plano dele era ferrar a vida dela. Porque Carol morando sozinha, não ia conseguir entrar em casa. E não conseguindo entrar em casa, ficaria na rua, encontraria e reconheceria a bicicleta, ligaria para ele, pediria desculpas e diria: vem me salvar meu herói! Deu tudo errado. Para o Caio, óbvio.
Dez e meia da manhã ele foi consertar a idiotice que fez. Carol desceu só pra olhar a situação, que no fundo se não fosse patética seria engraçada. Ria por dentro e pensava: mas que babaca! Caio levou o maior esporro do síndico do prédio, que já tinha ligado pra Brigada Militar, que chegou atrasada. A bicicleta já tinha sido retirada e não tinha mais ninguém na frente do edifício da Carol.

Carol terminou definitivamente o namoro três dias depois do ocorrido. Antes que as loucuras evoluíssem para um nível perigoso, me contou rindo. Caio foi morar em Santa Catarina com a sua bicicleta, Carol mora no mesmo prédio em Porto Alegre e às vezes sente falta das loucuras do amor.

2 comentários: