quarta-feira, 29 de setembro de 2010

PAI QUERÊ PRA QUÊ?

 Enquanto a maior usina eólica no mar entrou em operação na Inglaterra  aqui em Porto Alegre acontecem manifestações e engajamentos contra a usina hidrelétrica de Pai Querê. 



















Dia 23 de setembro, no mesmo dia da ativação das turbinas eólicas na costa de Kent, no sul da Inglaterra, aqui no sul do Brasil aconteceu uma manifestação em frente à sede do IBAMA do Rio Grande do Sul com cerca de 100 pessoas, em grande parte estudantes de Biologia e ambientalistas (entidades filiadas à APEDEMA-RS), contra a construção da hidrelétrica de Pai Querê. A manifestação teve um ato simbólico de um caixão com ramos de araucária, sendo a frase que marcou o ato foi “Pai Querê pra quê?” A obra, que faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento, visa a produção de 292 MW, o equivalente a um parque eólico, e está prevista para o rio Pelotas, entre os municípios de Bom Jesus e Lages, justamente em uma das Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade do Brasil (MMA, 2007). Os ativistas denunciam que esta seria a quinta hidrelétrica de grande porte, e em série, no mesmo rio e incidiria em uma região de maior ocorrência de espécies ameaçadas restritas à região, provocando a morte de 200 mil araucárias (mais detalhes em http://sosriopelotas.wordpress.com). 



 
O ato foi provocado pela possibilidade da emissão da LP (licença prévia) ainda este mês, pois a pressão do Ministério de Minas e Energia e da Casa Civil é muito grande. Nesta mesma quinta-feira chuvosa também foi entregue uma carta ao Superintendente do IBAMA, João Pessoa Moreira Jr., que  resultou em uma pequena audiência com um grupo de oito manifestantes (entre eles o professor da UFRGS Paulo Brack)  que foram recebidos em seu gabinete. Estes reclamaram a falta de informações sobre o andamento do processo, e a questão da não definição de audiências públicas, além de destacarem que todos os indicadores apontam para a inviabilidade da obra.  O Superintendente declarou que o licenciamento do empreendimento está a cargo da Direção de Licenciamento do órgão, sediada em Brasília e que não estão autorizados a intervir no processo. João Pessoa ressaltou que fez contato recente com a coordenação do setor em Brasília a garantiu que encaminhará o documento a chefia do órgão. A posição centralizada em Brasília, quanto aos licenciamentos de obras do PAC, tem a justificativa da prioridade destes empreendimentos para o governo federal, apesar de que Pai Querê agregaria menos de 5% à energia já produzida pelas hidrelétricas da bacia.

O pior de tudo é que esse assunto sério  não está sendo discutido na sociedade, na mídia, nem no meio  acadêmico da comunicação. E sabe como é, a repercussão é zero se a mídia não abre o jogo sobre a realidade dos fatos.

E se a palavra SUSTENTABILIDADE está tão em voga, como não discutir essa obra do PAC, que tipo de aceleração é essa?  
Porque não investir no potencial eólico do Rio Grande do Sul, do Brasil? Se gostamos tanto de imitar os ingleses, na boa música e na cultura, porque também não investimos nas usinas eólicas? Gerando assim energia de uma maneira limpa e renovável.


Para finalizar:  logo após o protesto, o grupo se deslocou em passeata em direção do grupo RBS como forma de chamar a atenção dos meios de comunicação que até agora não tem noticiado nada em relação a esta grande ameaça à biodiversidade e às quatrocentas famílias que seriam atingidas e desalojadas pelo empreendimento. 



segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Pervertidos e orgânicos










O site Organic Authority publicou uma lista dos "10 vegetais mais pervertidos da Terra".
 Diversão pra uma segunda-feira! 
  

terça-feira, 21 de setembro de 2010

21 de setembro- Dia da árvore



Hoje, 21 de setembro  comemora-se o Dia da Árvore, momento para refletir sobre a conservação da natureza e preservação. A data existe desde 1965.

Indico um site legalzinho sobre o assunto, com curiosidades, material pra baixar, uns papéis de parede lindos e informações sobre várias ONGs interessantes: 


O  problema é que enquanto 'comemora-se' o tal dia da árvore no Distrito Federal  a situação é de emergência, (o que politicamente é nooormal)  -
 

 devido ao incêndio no Parque Nacional de Brasília - 

O Parque é uma importante área de preservação ambiental,  com grande quantidade de espécies animais e vegetais típicas do cerrado, um dos ecossistemas mais ameaçados do país. O incêndio já queimou mais de 10 mil hectares, o equivalente a 25% da área do parque. A queimada piora com a seca. Hoje, o DF completou 118 dias sem chuvas.
 

Só neste ano, o fogo já destruiu, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, cerca de 6.000 km² de áreas protegidas e reservas indígenas no Brasil, um número equivalente a quatro cidades de São Paulo (1.522 km²).

Sendo assim... nada a comemorar nesse dia comemorativo.

Matéria do Estadão muitooo interessante sobre: 'Brasil arde em chamas e expõe falta de estrutura para prevenir incêndios'

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100919/not_imp612084,0.php


sexta-feira, 17 de setembro de 2010

‘Não podemos ser intelectualmente neutros’ -Hernán Sorhuet

Hernán Sorhuet concedeu entrevista após sua inteligível palestra no curso ‘Os desafios do Meio Ambiente’

Segundo o código de ética dos jornalistas brasileiros, que está disponível no site da FENAJ- Federação Nacional dos Jornalistas, ‘a informação divulgada pelos meios de comunicação pública se pautará pela real ocorrência dos fatos e terá por finalidade o interesse social e coletivo’. Porém não é claro que esta prática acontece, principalmente no âmbito das pautas ambientais. A fim de mudar essa realidade e capacitar interessados, aconteceu nos dias 20 e 21 de agosto o curso ‘Os desafios do Meio Ambiente’, promovido NEJ-RS- Núcleo dos Ecojornalistas do Rio Grande do Sul. Dentro da programação do evento houve a palestra com o colunista uruguaio Hernán Sorhuet.
Sua visão lúcida da realidade incentivou-me a escolher o profissional para a entrevista, que respondeu todas as perguntas olhando nos olhos e convicto das ideias que já deveriam estar em voga. Como tínhamos pouco tempo, Hernán, que trabalha há 28 anos no jornal “El País”, respondeu 3 perguntas e definiu palavras chaves para o jornalismo ambiental.


Qual a sua visão da prática do jornalismo ambiental?

Como falei hoje o jornalismo ambiental é chamado a fazer e ser o protagonista do século XXI, porque a diferença do convencional, tem a obrigação de abordar os temas, as notícias, com um olhar sistêmico. Considerar as múltiplas variáveis que interagem em qualquer situação social e da Natureza. Isso significa que com esse desafio do jornalismo ‘moderno’ aqueles jornalistas que não incorporarem essa ampla visão de realidade vão realizar um trabalho fraco. O problema ainda está na formação, lamentável, o jornalismo do futuro ainda não está sendo contemplado.

E como vai acontecer esse triunfo do jornalismo ambiental verdadeiro dentro das mídias?

É a relação direta entre a demanda e os jornalistas. Os meios de comunicação hoje não buscam periodistas ambientais porque não percebem que dentro do que inclui Meio Ambiente, estão as variáveis da sociedade: educação, saúde, economia... O jornalismo ambiental deveria estar em melhor qualidade, porque considera todas as variáveis.

Uma questão contemporânea são os cadernos específicos de meio ambiente nos jornais. Qual a sua opinião sobre esses suplementos?

Os suplementos específicos de Meio Ambiente foram muito úteis quando o tema começou a ser tratado. Mas hoje, com o avanço, evolução, parece evidente que já não há sentido uma seção, um suplemento de Meio Ambiente. Porque na realidade, a complexidade do tema obriga que cada cidadão (leitor e periodista) tenha incorporado essa visão ampla e complexa. Um bom periódico deveria ter um plantel de jornalistas que independente do assunto/área tenha incorporado a lição ampla e profunda do jornalismo ambiental. Cada jornalista do periódico deveria demonstrar essa sensibilidade para desenvolver o periódico em sua especialidade com o qual acabe o sentido do caderno ambiental. Então para que ter uma seção específica? Se todos sabem e se preocupam com a questão ambiental.

Aquecimento Global:

Grande problema a resolver com a sociedade moderna. E esse é o tema ambiental que tem logrado/ conseguido interessar os tomadores de decisões (políticos, empresários...), porque tem grandes custos econômicos.

Amazônia:

Um bom exemplo das grandes decisões que a nossa geração deve tomar (o que mantêm e o que destrói) frente as próximas gerações que não tem oportunidade de opinar hoje.

Conservação:

Usar, utilizar, racionalmente, sustentavelmente a diversidade biológica.

Preservação:

Manter intocado, sem modificar certos fragmentos da biodiversidade de um país.
Para concluir a entrevista, gostaria que o senhor deixasse um recado para os estudantes de jornalismo:
Estás estudando para ser o jornalista do futuro. Duas obrigações que não podes deixar de lado:
1- Sempre buscar a verdade, embora doa.
2- Capacita-te de forma indefinida, sempre pense que tens que melhorar, que te falta muito. Não pare de estudar nunca.